Machciński, Tomasz
Polónia, 1942 - 2022
Tomasz Machciński, nasceu em 1942 na Polónia, era um fotógrafo e performer autodidata. Como órfão de guerra, recebeu um autógrafo da estrela de Hollywood, a actriz Joan Tompkins, com as palavras “Com amor para ‘Tommy’ da ‘mãe’ Joan”, este tipo de “presentes” fazia parte de um programa na altura intitulado de adopção remota. Durante os primeiros vinte anos de sua vida, Machciński estava, portanto, convencido de que Tompkins era sua mãe. O fim de seu “sonho americano” e a perda dessa suposta identidade influenciaram o seu trabalho artístico.
Até hoje, sua obra consiste em mais de 22.000 identidades fictícias ou apropriadas, capturadas em auto-retratos fotográficos e cinematográficos. Totalmente encenados, o artista encarna despreocupadamente estrelas da tela de cinema, ícones da cultura pop, figuras da história, literatura e política e outros personagens excêntricos. O seu trabalho retrata uma variedade de personagens de diferentes afiliações étnicas, sexuais ou sociais.
Ao mesmo tempo, essas personagens são também reinvenções da sua própria identidade. “Em vez de perucas ou truques, mostro tudo o que acontece com meu corpo, como: o crescimento de cabelo, perda de dentes, doenças, processos de envelhecimento, etc.” Ao revelar e ocultar alternadamente as fraquezas de seu corpo, o artista dá-lhe um novo significado. No seu trabalho, Machciński actua como director e actor, maquilhaodor e figurinista, arquivista, fotógrafo e artista performático, tudo ao mesmo tempo. Por um lado a sua prática artística está relacionada com a História da Arte Europeia através do jogo com os métodos tradicionais de representação e as suas convenções. Mas, por outro lado, acompanha a estratégia da fotografia conceptual que usa a auto-imagem como veículo para negociar diferentes significados, presente também no trabalho de Cindy Sherman ou Luigi Ontani. As suas fotos e vídeos são performances feitas directamente para a câmara.
Tomasz Machciński é uma figura de destaque na fotografia “bruta”, tal como Miroslav Tichy, Lee Godie, Eugene Von Bruenchenhein, todos estes artistas só recentemente tiveram reconhecimento no mundo da arte contemporânea.
No ano seguinte à criação, em 2018, da Fundação Tomasz Machciński, os seus filmes foram exibidos na Whitechapel Gallery (Londres); nesse mesmo ano participou no Rencontres de la Photographie (Arles) na exposição PHOTO l BRUT, coleção Bruno Decharme & compagnie. Em 2020, expõe no American Folk Art Museum rm Nova York e, finalmente, uma grande exposição retrospectiva dedicada ao artista no Manggha (Cracóvia) em 2021.
Tomasz Machciński faleceu em janeiro de 2022 aos 79 anos.
Fonte: Christian Berst | Art Brut Gallery