Kai-Yuen, Chan

China, 1948

Chan Kai-yue nasceu em Fujian em 1948, mudou-se para Hong Kong com a família em 1962. Aí estudou na Escola Especial de Arte de Linghai, em 1970 mudou-se para França, onde continuou a sua formação na École nationale supérieure des beaux – artes em Paris. Durante os seus estudos em Paris, começou a produzir esculturas em gesso ou madeira. Estes representam fragmentos anatómicos que estão frequentemente ligados entre si para formar uma massa biomórfica cujos elementos constituintes são identificáveis ​​sem que o todo seja necessariamente compreensível. O desejo evidente de produzir obras impactantes e desestabilizadoras encontra aplicação ainda mais fácil quando Chan Kai-yuen consegue refinar a sua prática de fundição observando os processos japoneses. Este progresso técnico permite-lhe explorar aquele que até hoje se tornou o tema principal do seu trabalho. As deformações infligidas aos corpos humanos fragmentados pretendiam provocar uma sensação de mal-estar. A partir daí, era o facto de dar vida à matéria orgânica inerte que geraria a repulsa fascinada do espectador. A partir de 1983, Chan Kai-yuen utilizou alimentos, cuja impressão tirou para os reproduzir em gesso ou resina. Recorreu depois à montagem de vários elementos fundidos para desenvolver a composição final, muitas vezes pintada de forma ilusionista. Neste contexto, o motivo da galinha tornou-se a assinatura de Chan Kai-yuen. Fez com que as carcaças desta ave adotassem atitudes humanas e encenou-as num espírito fortemente inspirado no surrealismo e, mais ainda, no dadaísmo, como evidencia a recorrência do motivo do urinol de Duchamp. O próprio facto de designar as galinhas como obras de arte foi uma reedição para Chan Kai-yuen do ato fundador de Duchamp. A isto juntou-se uma reflexão sobre a natureza particular do material utilizado. A galinha é um animal cujas características físicas foram criadas pelo homem, através da domesticação e da seleção, para a poder criar, matar e consumir. A natureza cadavérica do material é, por isso, particularmente importante para o artista. A tensão entre esta dimensão mórbida, o humor deliberadamente agressivo ou erótico das composições e a ilusão de vida mina deliberadamente a seriedade de todas as representações a que as galinhas se prestam, sejam elas sob a forma de guerreiros, filósofos ou banhistas de sauna. Estas galinhas tornam-se assim, para o artista, encarnações da fragilidade da vida e do absurdo cru do mundo social.