Cadi, Jorge Alberto
Cuba, 1963
Jorge Alberto Hernández Cadi, “El Plongeur”, começou por recolher mobília e outros artigos, que encontrava em caixotes do lixo, para os recuperar e vender. A falta de dinheiro e os repetidos episódios esquizofrénicos levaram-no a situações precárias marginalizantes. No meio de um profundo desespero, chegou a tentar matar-se. Alguns dos artigos que encontrava nos caixotes do lixo começaram a chamar a sua atenção: fotos antigas, latas, malas, máquinas fotográficas, tabuleiros de medicamentos, brinquedos. Mantinha tudo em casa, restando-lhe pouco espaço para se mexer. Durante este período, achei que ele sentia uma certa necessidade de os modificar, e de os combinar, para criar algo a partir de todas estas emoções encontradas, e das histórias de vida que eles encerravam. Sem saber porquê, ele estava interessado em provocar contradições nestes objetos e fotografias alterados, criando tensões relacionadas com problemas sociais, tais como a homossexualidade ou conflitos humanos gerados por doenças mentais. Recortou as fotografias, e depois coseu-as, escolhendo os elementos precisos que colou e articulou. Criou assim obras que só ele podia apreciar, que depois expôs nas paredes da sua casa. Enquanto trabalha, sente que está, de alguma forma, a usurpar as vontades emocionais dos antigos proprietários destes objetos. Sabe que aquilo em que toca foi resgatado das portas da morte e ainda contém vestígios de dor, o que lhe inspira sentimentos intensos. Mas também sente que ao salvá-los, e ao dar-lhes nova vida, conseguiu abrandar o tempo. As imagens poderosas incluem cruzes, cabeças cortadas e olhos, que são cosidos à mão, com detalhes realçados em tinta. Da revelação ao pesadelo, os objetos formam um estilo poético singular. Com os seus dias passados no meio dos caixotes do lixo nas ruas perto da sua casa/armazém, Cadi tenta manter-se calmo, mas fica constantemente espantado de cada vez que as suas obras são exibidas em importantes espaços de exposição e coleções.