Hofer, Josef
Áustria, 1945
Josef Hofer não fala. Em contrapartida, exprime-se incansavelmente pelo desenho. Nasce em 1945 e logo revela deficiência mental, dificuldades auditivas e mobilidade reduzida. Com a morte do pai, em 1982, a mãe abandona a quinta onde Hofer cresceu, para ir viver com os filhos em Kirschlag. Esta mudança proporciona a Josef novos contactos sociais e a possibilidade de frequentar um centro de dia, onde pronuncia pela primeira vez algumas palavras. Torna-se paciente-residente numa instituição em Ried, onde a historiadora de arte Elisabeth Telsnig nota o seu gosto pelo desenho e encoraja a sua criatividade, acabando por tornar-se sua tutora e responsável pela divulgação e comercialização do seu trabalho. Pepi – como assina – observa-se e descreve-se. No espelho onde se vê refletido e onde nos vê refletidos, assistimos, incrédulos, ao crescimento da arte. Segundo Michel Thévoz, «Josef Hofer está em estado de graça». Uma graça erotizada, selvagem, onde o corpo procura restringir as suas pulsões nos limites da camisa-de-forças da moldura. Nudez sensual e bruta que perpassa através do seu traço seguro e frustrado de cores quentes. Na sequência da exposição retrospetiva organizada pela Collection de l’Art Brut, em 2003, realizou numerosas mostras e foi destacado em várias publicações, estando a sua obra representada nas maiores coleções de arte bruta mundiais. A suas obras foram expostas em Turim no ano de 2010 pelo the Museum of Everything, enquanto em 2011 uma retrospectiva de sua obra juntamente com um catálogo foram publicados em Praga. Mais tarde no mesmo ano, Hofer se tornou o primeiro artista a ter uma segunda retrospectiva dedicada à suas criações pela Collection de l’Art Brut em Lausana, acompanhada de uma vasto estudo sobre seu trabalho.